Eis a primeira de seis finais. Depois de ter chegado, na última semana, à liderança isolada do Campeonato Nacional, ao golear o rival FC Porto, com pompa e circunstância, no Dragão (4-1), beneficiando ainda do empate do Sporting na receção ao Sp. Braga (1-1), o Benfica voltava a entrar em campo atrás do eterno rival que, no sábado, bateu o Santa Clara, nos Açores (1-0). Numa altura em que os pontos escasseiam e é imperativo somar vitórias, as águias regressam ao Estádio da Luz depois de terem somado mais uma goleada a meio da semana, na deslocação a Barcelos, para defrontar o Tirsense no início das meias-finais da Taça de Portugal (5-0).
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Com a equipa novamente focada na Primeira Liga, os índices motivacionais estavam altíssimos, como há muito não se via no conjunto encarnado. Os dois últimos resultados acabaram por contribuir para esse efeito. Por um lado, a equipa de Bruno Lage voltou a golear o rival e fez, na sua casa, o que nunca tinha feito. Por outro, o jogo contra a equipa do Campeonato de Portugal permitiu rodar a equipa e dar uma nova oportunidade a elementos que têm sido menos utilizados, e que acabaram por dar uma resposta positiva, como é o caso de Gianluca Prestianni, Arthur Cabral ou Tiago Gouveia, que regressou de lesão com uma assistência e é, ao que tudo indica, a principal opção para render Tomás Araújo no lado direito da defesa.
“Foco total. Todos, nós, os jogadores e os adeptos, estamos com o foco certo. Sobre a equipa, queremos trazer a confiança necessária daquilo que têm sido as exibições. Respeitamos o Arouca e queremos que isso traga humildade para o jogo de amanhã [domingo]. É também o que espero dos adeptos. Vamos jogar contra uma equipa que pratica bom futebol. Confiamos no percurso em termos exibicionais e temos respeito pela análise ao adversário. Temos que ser favoritos para vencer amanhã [domingo]. Temos claros os objetivos. Tenho falado nos quatro favoritos… incluí o Sp. Braga e não me enganei. É uma excelente equipa. Venceu-nos, venceu o FC Porto e empatou com o Sporting. Temos que estar focados nos nossos objetivos”, assumiu Lage na conferência de imprensa de antevisão à partida da 29.ª jornada.
Benfica-Arouca, 2-2
29.ª jornada da Primeira Liga
Estádio do Sport Lisboa e Benfica, em Lisboa
Árbitro: António Nobre (AF Leiria)
Benfica: Anatoliy Trubin; Tomás Araújo, António Silva, Nico Otamendi, Álvaro Carreras; Florentino Luís (Andrea Belotti, 76’), Orkun Kökçü, Fredrik Aursnes (Arthur Cabral, 90+7’); Ángel Di María (Andreas Schjelderup, 76’), Vangelis Pavlidis (Bruma, 88’) e Kerem Aktürkoglu (Leandro Barreiro, 88’)
Suplentes não utilizados: Samu Soares; Zeki Amdouni, Samuel Dahl e Tiago Gouveia
Treinador: Bruno Lage
Arouca: Nico Mantl; Alex Pinto, Jose Fontán, Boris Popovic, Amadou Danté (Weverson Costa, 83’); Taichi Fukui (Mamadou Loum, 89’), Pedro Santos; Alfonso Trezza (Dylan Nandín, 83’), Jason Remeseiro (Miguel Puche, 89’), Morlaye Sylla; Güven Yalçin (Brian Mansilla, 83’)
Suplentes não utilizados: João Valido, Jakub Vinarcik; Pedro Moreira e Pablo Gozálbez
Treinador: Vasco Seabra
Golos: Kökçü (60’), Yalçin (g.p., 72’), Pavlidis (79’) e Weverson (90+5’)
Ação disciplinar: cartão amarelo a Pedro Santos (42’), Carreras (72’), Mantl (76’) e Fontán (82’)
O emblema da Serra da Freita chegou ao Estádio da Luz a viver um momento intermitente. Depois de, há algumas semanas, se ter intrometido na luta pelo quinto lugar, que deverá dar acesso à Liga Conferência, o Arouca perdeu gás nas últimas semanas e tinha apenas uma vitórias nos últimos jogos, registando-se ainda quatro empates. As lesões têm dificultado a tarefa de Vasco Seabra e a missão na capital portuguesa não melhorou, com praticamente uma dezena de jogadores fora da partida, entre eles Henrique Araújo, que não pôde jogador por pertencer às águias.
“É um jogo difícil, contra o líder do Campeonato e que está no melhor momento da época. É uma equipa bem treinada e muito motivada, que vem de uma vitória importante num jogo contra um rival. Sabemos que vamos ter um estádio todo a levar o Benfica para a frente. Temos de entrar fortes, agressivos e compactos no jogo. Se há 15 anos dissessem que o Arouca ia estar na Primeira Liga, sustentado da forma que está, provavelmente 99,9% das pessoas não acreditaria. Agarramos os valores do clube e lutamos sempre por vencer. Depois, as incidências do jogo podem-nos dizer outras coisas, mas a verdade é que temos a ambição de conseguirmos retirar a bola ao Benfica, pressionar e ser uma equipa personalizada como temos vindo a ser”, referiu, por sua vez, Seabra.
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Assim, para esta partida, Lage fez nove alterações em relação ao jogo com o Tirsense, o que significa que repetiu o onze inicial apresentado frente ao FC Porto. No Arouca, Vasco Seabra promoveu três alterações, duas delas forçadas: Boris Popovic e Güven Yalçin entraram para os lugares de Lamba e Araújo, ao passo que Morlaye Sylla substituiu Miguel Puche. Como seria de esperar, os encarnados entraram dominantes na partida, frente a um conjunto arouquense que se mostrou atrevido com bola. Na primeira ocasião de perigo, Tomás Araújo encontrou Kerem Aktürkoglu solto de marcação entrelinha, colocou-lhe a bola e o turco, com um remate de primeira, obrigou Nico Mantl a voar (12′). Na sequência do canto, o lateral português apareceu sozinho ao segundo poste, cabeceou para a baliza, mas Jose Fontán impediu que a bola chegasse à baliza (13′).
Pouco depois foi a vez de Amadou Danté quase marcar na própria baliza, depois de um cruzamento de Álvarro Carreras (14′). O Benfica continuou a colecionar oportunidades de golo e, a fechar o primeiro quarto de hora, Vangelis Pavlidis cabeceou para mais um grande corte, agora de Alex Pinto e, na sequência da jogada, Aktürkoglu apareceu em boa posição a desferir um cruzamento-remate que ninguém completou (16′). Os lobos responderam de pronto, com duas oportunidades seguidas, e obrigaram Anatoliy Trubin a voar para parar um grande remate de Sylla (19′). No lance seguinte, Jason Remeseiro colocou a bola na área, em Alfonso Trezza, que apareceu isolado, mas o uruguaio pecou na finalizou, atirando por cima (21′). A boa reação dos amarelos intranquilizou a águia, que começou a perder o discernimento. Ainda assim, o primeiro tempo fechou com Pavlidis a atirar ao poste, depois de um grande movimento individual (38′).
⏱️ 38’ | Benfica 0 – 0 Arouca
◉ Águias já chegaram aos 13 remates mas não entra. Arouca já testou Trubin com um bom disparo de Sylla#SLBFCA #LigaPortugal pic.twitter.com/kSBO45NISh
— GoalPoint (@_Goalpoint) April 13, 2025
A turma de Vasco Seabra regressou melhor dos balneários e não precisou de muito para testar Trubin, que negou o golo a Yalçin com mais uma grande defesa, depois de a bola ainda ter desviado em Carreras (48′). O Arouca continuou a apertar o Benfica, aproveitando da melhor forma o espaço no corredor central e entre os setores defensivo e intermediário e, com mais um remate forte de longe, Trezza obrigou o ucraniano a mais um grande voo (51′). Na resposta, Carreras arrancou desalmadamente pela esquerda, fez um túnel a Alex Pinto e entrou para Fredrik Aursnes que, à entrada da área, ajeitou a bola para o remate em jeito de Orkun Kökçü ao ângulo superior esquerdo da baliza de Mantl (60′). Depois do golo, Aktürkoglu quase fez o segundo, com o alemão a defender e Pavlidis a chegar tarde para a recarga (62′).
Contudo, a defesa encarnada continuou a meter água e, em mais uma arrancada de Jason pela esquerda, Nico Otamendi rasteirou o espanhol dentro da área depois de ser driblado e António Nobre, após algum tempo a assistir às imagens do lance, confirmou a grande penalidade. Na cobrança do castigo máximo,Yalçin não desperdiçou, atirou para o meio da baliza e empatou a partida (72′). Bruno Lage respondeu com Andreas Schjelderup e Andrea Belotti nos lugares de Ángel Di María e Florentino Luís, com o Benfica a passar a jogar em 4-4-2. Logo a seguir às alterações, os encarnados cobraram rapidamente um canto na esquerda, Kökçü recebeu curto e cruzou de pronto para o segundo poste, onde Pavlidis apareceu sozinho a completar de cabeça para o 2-1 (80′).
A reação ao golo voltou a ser forte, mas Aktürkoglu e Pavlidis não conseguiram sentenciar a partida (83′), coisa que Schjelderup fez, mas estava em fora de jogo (85′). Já com Leandro Barreiro e Bruma em campo e o Arouca a apostar tudo em busca do empate, foi preciso esperar pelo quinto minuto dos sete de compensações para ver mais um tombo da águia em casa: a bola entrou nas costas de Otamendi, que perdeu em velocidade para Dylan Nandín, o uruguaio cruzou de pronto atrasado, para o segundo poste, e Weverson Costa desferiu um remate fulminante para o empate (90+5′). A entrada de Arthur Cabral acabou por não produzir qualquer efeito e o Campeonato volta a ter os líderes empatados, agora a 69 pontos.